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O LIVRO DAS BELAS ACÕES
A última luta no
Coliseu
Irmãs pelo sangue e pelo
heroísmo
O sacrifício do padre Damiao
O nosso padre Bento
O cavaleiro sem medo e sem
mácula A fuga de Grócio
Rasgos de heroísmo
brasileiro
A mãe dos
Gracos
A heroína de Noyon
A dedicação de um
romano
Escravo da sua palavra
A donzela que salvou
Paris
Um exemplo para os jovens
brasileiros
O nosso padre
Bento
T'AMBÉM os brasileiros podem
orgulhar-se de possuir um vulto da estatura moral e com a
significação histórica do padre Damião: é o padre Bento, de Itu.Nascido nessa importante cidade do interior do
Estado de São Paulo, Bento Dias Pacheco passou a sua infância numa
dessas famosas "casas grandes" do século XIX, pertencendo a rica família
de fazendeiros.Fez estudos
primários na escola dopadre-mestre
Luís Mendes da Silva e, a seguir, internou-se no Convento de São Luís, dos
franciscanos. Depois transferiu-se para o curso de Teologia da
velha Sé de São Paulo e daí para as
paróquias de Indaiatuba e Cabreúva Foi
em 1847 que ele se recolheu ao sítio materno de Quilombo, de onde só saiu
uma vez, para ir ao Rio de Janeiro, através de cem léguas, a
cavalo,
para acompanhar o bispo eleito de São Paulo, D. António Joaquim de
Melo. Desambientado na corte, obteve permissão para retornar ao sítio, onde viveu
vinte anos, nos quais apenas rezou e lecionou,
indiferente aos grandes da época e às atra-ções da política,
onde brilhavam figuras de destaque, entre as quais o ex-regente Feijó, agora liberal na
velha cidade de Itu, antigo Arraial de Nossa Senhora da Candelária de
Ortuguaçu,
fundada em 1610 e destinada a notabilizar-se ainda pela célebre Convenção Republicana de
1873.
Foi então, em meio às agitações
locais que o padre Bento sentiu sua nova e respeitável vocação: a de
enfermeiro dos leprosos. E ele
vai bater à porta do Leprosário. Fugia definitivamente ao
mundo.
Durante quarenta e dois anos
serviu aos segregados do mundo, aquele que tudo poderia ter recebido do mundo:
riqueza, posições, glória.
Em vão os amigos e parentes o
chamaram. No Leprosário iria ele
escrever uma das mais belas páginas da caridade cristã. À tarde,
depois dos trabalhos do dia, reunia os doentes e falava-lhes, exortava-os
à fé e à esperança em outra vida melhor, consolava-os, sofria
com eles.
Nenhum dos grandes
acontecimentos históricos, contemporâneos dessa existência de
sacrifícios e renúncia espontâneos, alterou o seu alheamento ao mundo
e a sua dedicação aos lázaros.
Para eles vivia, a eles deu o que de melhor possuía, por eles e entre eles morreu. Haveria quem cuidasse dos
outros homens; esses estavam
abandonados.
Na manhã de 6 de março de 1911
agonizava e à tarde expirou, humilde, quase sem história, mas
deixando um nome que é um exemplo de dignidade cristã e de piedoso
consolo para os infelizes e os
cépticos.
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